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Quem tem Super Rádio Tupi não precisa de Roquette AM

Um dos maiores impasses da história do dial carioca é o da rádio Roquette Pinto AM 630, que saiu do ar em 1995 e, de lá para cá, esteve no ar por poucos dias.

A outorga da Roquette AM está concedida há décadas para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que operou nela a Rádio Roquette Pinto, que era uma rádio educativa, com jornalismo, prestação de serviços e programas musicais de MPB. Um meio termo entre as programações da Nacional AM e da MEC AM.

Mas nas últimas décadas, tornou-se instrumento político para os aliados de cada governador que passava no Palácio Guanabara. Pelo menos a partir da segunda gestão de Leonel Brizola (1991-1994) e de seu sucessor Nilo Batista, período em que o colunista acompanhou a programação da rádio.

No ano de 1995, durante o governo Marcello Alencar, ladrões roubaram os transmissores da rádio, instalados próximo ao complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Em consequência, a rádio bateu recordes de permanência fora do ar: de 1995 ao início de julho de 2002.

Foi neste mês que a nova direção da rádio, empossada pela governadora Benedita da Silva, concluiu o processo de restauração da Roquette AM. Tendo comprado novos transmissores, a rádio voltou ao ar no dia 8 de julho de 2002, inicialmente com uma programação apenas musical, com samba autêntico, acrescida com vinhetas de artistas agradecendo a volta da rádio.

Esperava-se que a rádio voltasse a ter uma programação mais variada, com MPB, samba autêntico e programas falados. Como era antigamente.

Só que chegou o novo governo de Rosinha Matheus, e com ela, uma nova diretoria. Que reunificou as duas rádios, transformando a AM 630 em mero anexo da FM 94. Ora a AM repetia integralmente a programação da FM, ora transmitia apenas um vitrolão de samba e MPB, sem locução. Isso até que a Roquette AM saísse novamente do ar, ainda no início da gestão de Rosinha. Pra nunca mais voltar ao ar. Atualmente, outro recorde de permanência fora do ar está sendo batido, dia a dia, desde meados de 2003. Durante a Era dos Garotinhos, a FM 94 foi uma rádio de sucessos populares, com a pior programação possível: pagode mauricinho, fânqui...

Enquanto isso, a Super Rádio Tupi, patrocinada há décadas pelo Governo do Estado, se tornou extra-oficialmente uma rádio oficial do Governo do Estado. A linha editorial de toda a programação foi francamente favorável a todos os governadores, pelo menos desde a segunda gestão de Leonel Brizola. De lá para cá, tivemos Marcello Alencar, Anthony Matheus (também conhecido como Anthony Garotinho), Benedita da Silva e Rosinha Matheus (também conhecida como Rosinha Garotinho e esposa de Anthony Matheus).

Desde 2007, Sérgio Cabral Filho assumiu o Governo do Estado, com a promessa de reativar a Roquette Pinto AM 630 e reformar a Roquette Pinto FM 94,1. A promessa quanto à FM foi plenamente cumprida pelo governador Cabral. De rádio de sucessos populares na Era dos Garotinhos, foi transformada numa emissora educativa e cultural. Na parte da manhã dos dias úteis, a rádio virou uma rádio jornalística. Nos demais horários e dias, a programação é totalmente musical e educativa, onde a MPB é majoritária. Seu primeiro diretor na Era Cabral e principal responsável pela reforma foi o saudoso jornalista Artur da Távola. Seus sucessores na Roquette FM mantiveram a qualidade da programação da emissora.

No que diz respeito à Roquette AM, Cabral Filho não cumpriu a promessa. Não só a rádio jamais voltou ao ar (até que se saiba do contrário), como não tem a menor previsão de que volte um dia. Se estivéssemos em um país sério, sua outorga já teria sido cassada a relicitada, com o Governo do Estado proibido de participar da licitação.

Mas se analisarmos a programação da Super Rádio Tupi ao menos desde a Era dos Garotinhos, pode-se duvidar que o Governo do Estado tenha mesmo necessidade de uma rádio AM oficial. Entrevistas e comentários críticos aos governadores e seus secretariados são coisas raras ou inexistentes na Tupi. Os problemas do Estado (como a da insegurança pública) são abordados na programação, mas sempre poupando autoridades do Estado de qualquer responsabilidade. No máximo, as autoridades são apresentadas como aqueles que sempre estão trabalhando para resolve-los. Aliás, o governador e seu secretariado tem generosos espaços cativos na programação da Tupi.

Quem sabe tenhamos boas novidades sobre a volta da Roquette AM em 2015...

Fico por aqui, desejando uma excelente semana para todos.

Marcelo Delfino

Tributo ao Rádio do Rio de Janeiro
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  1. Entendo de rádio,mas eu nunca vi,uma concessão pública de rádio de amplitude modulada,estar fora do ar,sei lá,quantos anos!Pois se aqui no Brazil com Z,fosse um país sério,rígido e correto,a concessão seria cassada e relicitada!Mas como estamos no país dos Marajás Sarney,Collor,Lula e o escambau,não estão nem aí,pra isso.Concordam comigo?
    Abraços radiofonicos e #dialfonicos!!!!!

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  2. Se tem a FM, pra quê a AM?

    Não entendo isso!!! dividir o investimento em duas rádios, quando se pode fazer melhor com apenas uma???

    Quem aqui ainda escuta rádio AM? meu aparelho de rádio nem tem mais a faixa do AM!!!!

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  3. Volta 630 am te amamos,assim como a antiga 580 am radio relogio.alguem sabe me dizer quem e o dono da 1030 am capital rj,por favor me diga.

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  4. Fernando,a 1030,que era a ex-Continental (não confundir com a homônima 1520),a Capital AM é do Missionário David Miranda Martins da Igreja Pentecostal Deus é Amor,e transmite a Voz da Libertação.Essa rádio,antes era do Grupo Capital,o mesmo da eclética Capital AM paulistana 1040,já era arrendada a IPDA.Os donos tinham a pretensão de reformular a 1030,mas preferiram renovar para depois vender a rádio para o líder máximo da Deus é Amor.

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